terça-feira, 15 de abril de 2008

PARALISAÇÃO (I)

16:52 |

Desde o primeiro momento tenho me posicionado favoravelmente à paralisação dos Defensores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul.
Não desconheço os malefícios e transtornos causados pela paralisação, principalmente aos nossos assistidos. Mas é preciso que se diga ao Governo do Estado, que nós, Defensores Públicos, agentes políticos para a consecução da cidadania dos menos favorecidos, não nos intimidaremos.
A atitude hostil do Governo e de alguns Deputados estaduais nos episódios da votação da verba de representação e do veto ao subsídio foi que nos colocou na atual situação de paralisação das atividades, verdadeiramente a única saída que nos restou para nos opormos às barbáries do autoritarismo que advém do Palácio Piratini. Portanto, se há alguém com "a faca no pescoço" – argumento utilizado pela Casa Civil para justificar a suspensão das negociações – esse alguém somos nós, Defensores Públicos, hoje maquiavelicamente humilhados e desmoralizados perante outras instituições, à sociedade e à opinião pública, em face da atitude covarde, traidora e repulsiva dos Poderes Executivo e Legislativo (em parte), que se furtaram de sopesar as conseqüências dos prejuízos experimentados pela Instituição e pelo próprio Povo Gaúcho, ao negarem vigência ao art. 135 da Constituição Federal.
Mais. É preciso que se diga ao Governo e a seu líder na Assembléia, que, isto sim, os Defensores Públicos não voltarão às suas atividades enquanto não houver uma proposta digna; enquanto não houver respeito à Defensoria Pública e à sua autonomia - INSTITUIÇÃO DE ENVERGADURA CONSTITUCIONAL.
Precisamos manter firme o propósito de bradar e propalar nossa autonomia, não nos deixando subjugar, independentemente das conseqüências.
Sejamos fortes em nossos propósitos e princípios. De outra forma, como haveremos de encarar o dia-a-dia dos foros, se, já no primeiro embate, "jogamos a toalha"? Como haveremos de ter dignidade e coragem de lutar pelos menos favorecidos, se não tivermos capacidade e competência de lutarmos pelas prerrogativas da Instituição e da função?
Avante, Colegas! Nossa vergonha não tem preço e nossa moral não é a mesma dos vendilhões que trocam seu voto por interesses pessoais e de apadrinhados.
A afirmação da Defensoria Pública passa pela moralização de nossas atitudes, de nossa luta, de nosso trabalho e até mesmo da política do nosso Estado, hoje entregue ao comando de quem nem o sangue gaúcho possui nas veias.
Precisamos nos fazer ouvir nos quatro cantos da Nação. E para isso sugiro à Adpergs e ao comando de paralisação que sejam contatadas todas as Defensorias Públicas dos Estados e do Distrito Federal, suas Associações e a Anadep para que lancem manifesto público em favor da nossa greve.
Permaneçamos unidos, Colegas, até a vitória!

Enir Madruga de Ávila, Defensor Público

0 comentários: